Pastoral dos Migrantes da Diocese de Roraima encerra Encontro Formativo com reflexões e propostas para 2025

23/11/2024

No último sábado, 16 de novembro de 2024, a Pastoral dos Migrantes da Diocese de Roraima concluiu um significativo Encontro Formativo Diocesano na Casa da Caridade Papa Francisco, em Boa Vista. Durante dois dias de intenso trabalho e partilha, agentes pastorais, colaboradores, missionários e migrantes reuniram-se para discutir os desafios e oportunidades enfrentados por esta pastoral em um contexto de crescente migração e deslocamento forçado.

O segundo dia de atividades, conforme o planejamento previamente estruturado, começou cedo, às 7h30, com a chegada dos participantes, seguida de um café de confraternização. O momento inicial de espiritualidade foi conduzido pelo padre Celso, com a Celebração Eucarística, enfatizando o compromisso cristão de acolher o próximo como irmão.

Reflexões do Sínodo e o futuro da sinodalidade

A professora Márcia Oliveira, membro da coordenação nacional do Serviço Pastoral dos Migrantes, apresentou os resultados do Sínodo realizado em 2024, que marcou um divisor de águas para a Igreja Católica ao destacar a importância de uma Igreja mais inclusiva e participativa. Segundo Márcia, a Assembleia Geral Ordinária do Sínodo reafirmou a necessidade de escutar ativamente todos os fiéis, independentemente de sua condição social ou origem. Inspirada na passagem de 1 Coríntios 12, 12-27, que celebra a unidade do corpo de Cristo, ela lembrou que "somos muitos membros, mas um só corpo".

A Prof. Márcia ressaltou ainda que a sinodalidade deve reforçar os conselhos eclesiais, como os conselhos diocesanos e de pastorais, para garantir que as decisões sejam tomadas de forma mais descentralizada. "A proposta é fortalecer esses conselhos como espaços de decisão da Igreja, envolvendo cada vez mais os leigos brasileiros nessas instâncias de participação. Isso impede que as decisões venham de cima para baixo, promovendo uma representatividade local e regional que fortaleça a comunhão e o compromisso geral de toda a Igreja", explicou.

A voz dos migrantes e o papel social da Igreja

Depois tivemos a participação de alguns representantes que trouxeram importantes contribuições para o debate. Orladis Hernández compartilhou as propostas da 2ª Conferência Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia (COMIGRAR), realizada em Brasília de 8 a 10 de novembro. No evento, foram eleitas 60 propostas que servirão de base para a orientação de políticas migratórias no Brasil. Orladis destacou a necessidade de ações mais efetivas para a inclusão e proteção dos migrantes, considerando os desafios enfrentados por milhares de pessoas que chegam ao país em busca de melhores condições de vida.

Já Yuraima Aguilar, que esteve presente no II Encontro Nacional dos Usuários do SUAS (Sistema Único de Assistência Social), realizado entre 11 e 13 de novembro, no Instituto Federal de Brasília, trouxe à tona a importância de fortalecer o SUAS como ferramenta essencial para garantir os direitos de populações vulneráveis, como migrantes, indígenas e quilombolas. Ela destacou como o diálogo e o fortalecimento das políticas públicas são fundamentais para a inclusão social.

Desafios contemporâneos nas migrações

A secretária executiva da Cáritas Diocesana, Orilene Marques, também acompanhou as reflexões apresentadas pela professora Márcia Oliveira, que abordou questões globais relacionadas à migração. Entre os tópicos discutidos, destacaram-se o deslocamento forçado causado por mudanças climáticas, as desigualdades sociais persistentes, o fortalecimento de discursos xenofóbicos e racistas e o aumento do tráfico de pessoas. Márcia enfatizou que, além do direito de migrar, deve ser garantido o direito de não precisar migrar. "É crucial repensar os paradigmas e criar condições para que as pessoas possam permanecer em suas terras de origem com dignidade", afirmou.

Ela também trouxe dados alarmantes sobre a profissionalização do tráfico de imigrantes e o crescimento do contrabando de pessoas nos itinerários migratórios. Esses fenômenos são sintomas de uma crise humanitária que exige respostas imediatas tanto no âmbito eclesial quanto na esfera política.

Dinâmicas em grupo e planejamento futuro

Se abordaram diversas sugestões para o ano 2025, destacou-se o reforçamento do trabalho pastoral nas áreas missionárias e a criação de mecanismos para facilitar a integração dos migrantes nas comunidades locais.

O encerramento do evento, contou com um almoço de confraternização, momento de celebração pelos dois dias de aprendizado e troca de experiências.

Caminhos para 2025

Além das atividades realizadas durante o encontro, foi apresentada a proposta de calendário para 2025, incluindo eventos como a Assembleia Diocesana em fevereiro, a Semana do Migrante em junho e o 3 Encontros Diocesanos da Pastoral. Esses eventos visam fortalecer o compromisso da Diocese de Roraima com a acolhida e integração dos migrantes.

O Encontro Formativo Diocesano da Pastoral dos Migrantes foi um marco importante para reafirmar o compromisso da Igreja Católica com os mais vulneráveis. A Diocese de Roraima agradece a todos os envolvidos – desde os organizadores até os participantes que trouxeram suas vozes e experiências para enriquecer o debate.

Que este momento inspire todos a unir esforços em prol dos migrantes e refugiados, lembrando que "onde dois ou três se reunirem em meu nome, ali estou no meio deles" (Mt 18, 20). Que a jornada sinodal continue guiando o trabalho pastoral, trazendo esperança e dignidade a todos os que buscam um lar no Brasil e no mundo.

Texto: Libia López

Jornalista-Fotógrafa

Assessoria de SPM

Fotos: Libia López

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